Aviso de antemão que o que segue não é um texto nos moldes que vocês estão acostumados. Se pudéssemos classificá-lo, estaria mais para um híbrido de relato e confissão que necessariamente uma “resenha”. Transpor personagens queridos por milhões de fãs de HQs para o cinema de modo respeitoso, criativo e interessante não é uma tarefa fácil. Muitos já tentaram, sem sucesso, esta tarefa inglória. Nos últimos anos, no entanto, a Marvel decidiu participar de modo mais ativo das adaptações de seus principais personagens para o cinema. Com o sucesso de Homem de Ferro, em 2008, a empresa começou a colocar em prática seu ousado plano de, pela primeira vez, realizar uma superprodução cinematográfica com personagens como Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, num apenas sonhado filme dos Vingadores. Quem seria o homem ideal para comandar esta produção tão aguardada por exigentes (muitas vezes radicais) fãs ao redor do globo? O homem era Joss Whedon, roteirista televisivo e de quadrinhos que, como muitos outros, cresceu na companhia destes heróis. Virou adulto e teve o privilégio de trabalhar como roteirista lá, na Casa das Ideias.
Cercado de expectativas, Whedon contribuiu, ao lado do também roteirista da casa Zak Penn, com uma história que remetia à primeira união destes heróis nos quadrinhos; com Loki, irmão de Thor, como algoz, os heróis mais poderosos da Terra se uniriam para salvá-la mais uma vez – em “carne e osso”, porém, pela primeira vez. Eu, como fã, sabia da competência dos envolvidos – por mais que alguns dos filmes-solo dos personagens não tivessem sido dos mais empolgantes, havia motivos pra acreditar na produção. Os “manda-chuvas” eram, de certa forma, semelhantes a mim e outros milhares de fãs, que cresceram amando estes personagens, imaginando-se nestas batalhas épicas, vivendo fantasias incríveis. Fui ansioso ao cinema. Quando o filme começa, já em ritmo frenético, a condução da história me fez lembrar de grandes sagas dos quadrinhos. Há um hall gigantesco de reviravoltas, tensões, humor, porrada. Aliás, o que não falta é ação – e das boas! A história, como todo quadrinho mainstream, geralmente, tem suas escorregadelas bobinhas/maniqueístas, mas o entretenimento estava garantido. Um Bruce Banner afiadíssimo (palmas pra Mark Ruffalo, que parece ter assinado contrato para seis filmes com a Marvel como o Hulk), Tony Stark (Downey Jr. se garantindo, claro) ainda mais aguçado que em seus filmes-solo, um Gavião Arqueiro de respeito – ao lado da ótima Viúva Negra. Capitão América representando aquilo que sempre foi – o líder nato, o homem a ser seguido -, Thor impondo respeito e descendo a porrada e um Nick Fury bad-ass. Referências para os fãs mais assíduos espalhadas ao longo do filme, que consegue atrair novos apreciadores e respeitar os mais radicais. Posso dizer que o nerd escondido que reside em todos nós abre o sorriso de orelha a orelha quando vê o Capitão ordenando ao Hulk: Smash! ou ao ver a equipe reunida contra o exército Chitauri. E, ao fim, ainda somos presenteados com a cena pós-créditos mais impressionante e empolgante de todos os filmes da Marvel. Resumo da ópera? Obrigado, Joss Whedon. Apenas obrigado.
The Avengers – Excelente